Tudo pelas vendas

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domingo, 11 de novembro de 2007

História

Como surgiu a idéia:
Você já deve ter assistido em filme ou desenho animado o conto de Natal de Charles Dickens, onde um personagem avarento ao extremo, Sr. Scroodge, recebe a visita dos 3 espíritos do Natal (passado, presente e futuro). Nesta peça buscamos juntar o passado e o presente no sonho do avarento, Sr. Adolfo, dando uma perspectiva mais evangelística.

Objetivo

Peça evangelística, que conta a história do Natal de forma divertida, mas que ao fim busca transmitir a verdadeira mensagem do Natal: a necessidade de um encontro com Cristo e a mudança que Ele traz à vida de quem se entrega a Ele.

1Ti 6:10 - Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males

Eze 36:26 - E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.

LC 2:11 Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
12 E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura.
13 E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo:
14 Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.

Resumo

Realese da peça "O Noel que não era"

Um conto de Natal - Sr. Adolfo, homem rico e avarento decide se fantasiar de Papai Noel em sua própria loja, para fiscalizar os seus empregados. Porém um acidente o deixa parcialmente sem memória e o faz crer que é o próprio Papai Noel. Ao voltar a si, tem um sonho em que a realidade e a fantasia se misturam, onde pessoas do seu cotidiano (empregados e clientes) se transportam para Belém, na época do nascimento de Jesus Cristo, fazendo-o refletir sobre a sua vida e sobre a vinda do Filho de Deus.

Dados da peça

- 4 Atos
- 9 personagens

-Duração de 45 minutos aproximadamente.

A Peça

O NOEL QUE NÃO ERA

Personagens:
Sr. Adolfo ...............- Dono da loja / Papai Noel
Dona Mariângela ..........- Gerente da loja / Dona da hospedaria
José .....................- Faxineiro / pai de Jesus
Lucivânia ................- Vendedora
Sara .....................- Menina
Ana ......................- Mãe de Sara
Cláudio ..................- Segurança / Soldado romano
Gaspar ...................- Cliente da loja / Rei mago
Uma Cliente

ATO 1
Cena 1 – (Sr. Adolfo e D. Mariângela)

Escritório do Sr. Adolfo, Dono da loja, onde existe uma mesa, uma cadeira, uma máquina de escrever, um telefone antigo, vários papeis na mesa, um porta caneta, quadros com fotos antigas na parede. Lá estão o Sr. Adolfo, meio vestido de Papai Noel, conversando com D. Mariângela que está vestida normalmente.

D. Mariângela
Mas chefe, o senhor tem certeza que é uma boa idéia do senhor se vestir de Papai Noel?

Sr. Adolfo
(rabugento) Ora, dona Mariângela, a senhora vem com essa história outra vez? É lógico que é!

Mariângela
Mas o senhor é o dono da loja, não lhe cairá bem. O que os outros irão pensar ?

Sr. Adolfo
Em primeiro lugar, ninguém irá me reconhecer com aquela barba. (aponta para a barba em cima da cadeira) Em segundo lugar, vou economizar um bom dinheiro sem contratar alguém para bancar o Papai Noel. Em terceiro lugar, enquanto estiver disfarçado poderei fiscalizar bem de pertinho o trabalho dos meus funcionários. Afinal de contas, é final de ano, e esse pessoal sempre acha um jeitinho de escapulir do serviço para comprar lembrancinhas para a família.

D. Mariângela
Bom, nesse caso, né... O senhor está plenamente certo! Hoje em dia, a gente tem que ficar muito atento. Essa idéia do senhor é digna de um gênio. É Por isso que me orgulho de trabalhar com o senhor! O senhor é um mago dos negócios!

Sr. Adolfo
(Orgulhoso) Oh, minha cara, eu só sigo o meu instinto.

D. Mariângela
O senhor é muito modesto, meu querido patrão.

Sr. Adolfo
Ah, D. Mariângela, melhor ainda foi à idéia de manter a loja aberta na noite de Natal. Sabe por que?

D. Mariângela faz sinal que não.

Sr. Adolfo
Em primeiro lugar, porque sempre tem os atrasadinhos que deixam para comprar os presentes na última hora. Em segundo lugar, porque podemos cobrar o quanto quisermos, pois seremos a única loja aberta na noite de Natal. Em terceiro lugar, porque nós teremos, ou melhor, eu terei um lucro fantástico!

D. Mariângela
É mesmo... teremos um lucro fantástico! Mas, mais fantástico que nosso lucro, é o senhor, que teve esta idéia fabulosa!

Sr. Adolfo
Bom... agora deixe-me acabar de me arrumar, para colocar em ação o meu plano.

D. Mariângela
Meu patrão, o que posso fazer pelo o senhor? Diga, diga?

Sr. Adolfo
Deixe-me ver... pegue a minha barba alí, e me ajude a vestir o resto da fantasia.

D. Mariângela
Com o máximo prazer!!

(Enquanto D. Mariângela ajuda ao Sr. Adolfo a se vestir, as cortinas se fecham).

ATO 2
Cena 1 – (Sr. Adolfo, D. Mariângela e Lucivânia)

Na loja, com decoração de Natal, Sr. Adolfo vestido de Papai Noel, está sentado numa cadeira enfeitada, cercado de pacotes de presentes, com uma cara amarrada, quieto, só observando o movimento. Em um canto, estão pessoas com pacotes, ao lado de Lucivânia, a vendedora, que está arrumando algum produto .

D. Mariângela
(Entra, observa o Sr. Adolfo e, aproximando-se dele, cochicha ao seu ouvido, receosa) Chefe... acho que o senhor deveria tentar ser um pouco mais...convincente...Papai Noel costuma... sorrir..., desejar feliz Natal...senão vão desconfiar!

Sr. Adolfo
É?! (Olha ao redor, em dúvida) Talvez você tenha razão...(Pigarreia, e fala, bem sem graça) Ho, ho, ho...Feliz Natal...



D. Mariângela
(Com sorriso amarelo) Assim tá ótimo! Mas... chefinho....o senhor pode ficar aqui sossegado que eu vou até a porta prá ver o movimento lá na rua, tá bom?

Sr. Adolfo
Isso mesmo! Vai lá, mas vai logo! E mande as pessoas entrarem. Mas entrarem pra comprar. E prá comprar muito hein?

D. Mariângela
Pode deixar. Seu pedido prá mim é uma ordem! (Sai)

Cena 2 – (Sr. Adolfo, Lucivânia e Gaspar)

Entra Gaspar, um homem rico, olhando para os lados, procurando um presente.

Sr. Adolfo
(Fala para si) Hi! Olha quem vem aí! O Sr. Gaspar Olivetto, o banqueiro mais rico da cidade! Aqui, na minha loja! Uau! Lucro a vista!!!

Lucivânia
Posso ajudá-lo?

Gaspar
Estou procurando um presente prá uma criança muuuuuuito especial...

Lucivânia
Aqui temos diversos brinquedos! É para menino ou menina?

Gaspar
Um menininho! Quero um presente que expresse todo meu amor por ele! Ele merece, ele é muuuuuuito especial!

Lucivânia
Ai, que lindo! Bom... que tal... uma pistola laser de brinquedo? Os meninos adoram isso!

Sr. Adolfo
(Entre os dentes) Não! Oferece o carrinho importado que é mais caro!

Gaspar
Não, não quero brinquedos que incentivem a violência...

Lucivânia
Então... meninos gostam muito de carrinho...

Sr. Adolfo
Isso! Isso!

Gaspar
Carrinhos?...Não...não era bem isso que eu tinha em mente!
Lucivânia
Que tal... uma bicicleta?

Sr. Adolfo
(Inquieto) A importada, a importada!

Gaspar
Não, não...

Sr. Adolfo
(Quase caindo da cadeira, falando para sí) Empurra o vídeo –game!

Lucivânia
Ele gosta de vídeo-game?

Sr. Adolfo
Isso! Isso, garota!

Gaspar
Não, não... não é bem isso... olha, sinto muito, mas acho que vocês não têm aquele presente que estou procurando. Fica pra próxima. Vou continuar minha busca pelo presente perfeito para este menino muuuuuuito especial. Obrigado.

Lucivânia
De nada! Feliz natal pra o senhor!

Gaspar sai

Sr. Adolfo
Não é possível! O homem mais rico da cidade entra na minha loja e não compra nada! Miserável! Pão duro! Unha de fome!

Cena 3 – (Sr. Adolfo, Lucivânia e Cliente)

Sr. Adolfo fica resmungando. Uma cliente entra e começa a perguntar a Lucivânia.

Cliente
Boa Noite, por favor, você pode me dizer se tem à boneca Meu anjinho de cabelo ruivo?

Lucivânia
Ah... Essa não tem não!

Sr. Adolfo arregala os olhos, surpreso com a cena.

Cliente
Mas será que não tem nenhumazinha no estoque?

Lucivânia
Nem adianta olhar. Essa não tem mesmo!

Sr. Adolfo
(Fala pra si próprio) Não estou acreditando no que estou ouvindo!

Cliente
Puxa... esta é a única loja aberta e minha filha está querendo tanto esta boneca de cabelos ruivos!

Lucivânia
Sinto muito.

Sr. Adolfo
Sente coisa nenhuma! Não sabe nem vender! Que absurdo! Olha só quanta boneca tem aqui! (Começa a olhar a pilha de caixas) Tem morena, loira...

Cena 3 – (Sr. Adolfo, Lucivânia, cliente e José)

Entra José, o faxineiro, com a vassoura no ombro examinando ao redor

Cliente
Puxa vida! Com a correria acabei deixando prá última hora! Será o primeiro natal que minha filha não vai ganhar o presente que pediu...

Lucivânia
Que chato né...

Sr. Adolfo
Chato é ouvir isso! Hoje mesmo esta moça tá na rua! Não tem com cabelo ruivo, mas olha aqui... (Aponta para uma caixa que está em baixo) tem roxo! É só empurrar que ela leva!

José vê o Sr. Adolfo resmungando e se aproxima dele curioso

Cliente
(Grita) Não é possível!

José, assustado com o grito, vira-se bruscamente e bate com o cabo da vassoura na cabeça do Sr. Adolfo, que cai desmaiado na cadeira. José, aflito abana o Sr. Adolfo, enquanto a cliente se ajoelha e implora à vendedora.

Cliente
Por favor! Por favor! Eu preciso dessa boneca! me ajude!

José
(Enquanto o Sr. Adolfo volta a si) Desculpa aí... tá tudo bem?

Lucivânia
(Ajudando a cliente a levantar-se) Olha... prá sua menina não ficar sem ganhar nada, porque você não leva essa daqui de cabelos verdes? (Entrega uma caixa a cliente)


Cliente
Cabelos verdes...não sei...

Lucivânia
É o maior sucesso! Tenho certeza que ela vai adorar!

Cliente
Será? E quanto custa, hein?

Sr. Adolfo
(Volta a si, olha sua roupa, o presente em suas mãos e exclama com alegria ) Não custa nada! Ho, ho, ho! É um presente do Papai Noel!

Cliente
Sério? (Olha pra todos os lados) É uma pegadinha? Vou aparecer na televisão?

Lucivânia e José ficam atônitos.

Sr. Adolfo
Não, não é uma pegadinha! Diga prá sua menina que o Papai Noel que mandou. Só me fala o nome dela, que aí eu já risco da minha lista e aí não preciso passar na sua casa hoje à noite!

Cliente
Puxa, obrigada mesmo! O nome dela é Gertrudes da Silva! Obrigada! (Sai agradecendo)

Sr. Adolfo
Deixe-me anotar...(Procura nos bolsos um caderninho)

Lucivânia
Mas.. o senhor não podia Ter dado o brinquedo da loja prá ela!

Sr. Adolfo
Minha filha, eu sou o Papai Noel! Eu dou presente prá quem eu quiser!

José
Quero ver o senhor se entender depois com o seu Adolfo!

Sr. Adolfo
Ho,ho,ho! Não se preocupe! È Natal!!!! Tome um presente prá vocês! (Entrega para o José e para a Lucivânia) Levem prás suas crianças!

Lucivânia
Não, não, obrigada... se o patrão me pega com isso, tô lascada! (Põe o presente no lugar e saí)




Cena 4 – (Sr. Adolfo, José, Ana, Sara e Claudio )

Entra mãe com a filha e logo depois Cláudio, o segurança, que só fica observando.

Ana
Olha lá, minha filha, o Papai Noel!

Sara
Oi, Papai Noel!

Sr. Adolfo
Ho, ho, ho! Olá! Feliz Natal, menina!

Sara
Eu fiz uma cartinha pro senhor!

Sr. Adolfo
Uma cartinha pra mim? Obrigado! Vou ler mais tarde, tá? (Guarda no bolso) Mas...qual é o seu nome?

Sara
Meu nome é Sara!

Sr. Adolfo
Ho, ho, ho! Que lindo nome! Diga-me, Sara, o que você vai querer de presente?

Sara
Eu queria uma boneca bem bonita... mas a mamãe já me avisou que esse ano o senhor não vai poder passar lá em casa... eu sei como é... a boneca é muito cara, né?

Sr. Adolfo
Como assim? Você vai receber seu presente sim! Deixe-me ver...deixe-me ver...(pega uma caixa e mostra) desta aqui você gosta?

Sara
Puxa! É essa mesmo que eu queria!

Ana
Mas minha filha...essa boneca é muito cara...

Sr. Adolfo
E quem disse que vai ter que pagar por ela?

Ana
Mas... isso não é uma loja?

Sr. Adolfo
É... mas eu sou o Papai Noel! Eu não vendo, eu dou presentes! Tome, pode levar!

Sara pega a caixa e abraça o Sr. Adolfo.
Ana
(Olha para todos os lados) É uma pegadinha?

Sr. Adolfo
Não! É um presente mesmo! Ho, ho, ho! Feliz Natal!

Ana
Não entendi nada, mas mesmo assim, muito obrigada!

Cláudio
Um momento aí! O senhor tem autorização do Sr. Adolfo para distribuir presentes assim?

Sr. Adolfo
Senhor quem?

Cláudio
Como pensei! Mais um pilantra querendo roubar mercadorias da loja!

Sr. Adolfo
Onde?

Cláudio
Ainda se faz de desentendido!

Sr. Adolfo
Quem, eu?

Cláudio
O senhor mesmo!

Sr. Adolfo
Mas eu já estou de saída. ( Vai colocando presentes no saco) Não há tempo a perder! Está na hora de pegar meu trenó para sair distribuindo os presentes! (Vira pra Ana e Sara) Querem uma carona?

Cláudio
Ninguém sai daqui, seu velho babão! sem-vergonha! A casa caiu pro teu lado! (Começa a encará-lo, rodopiá-lo, empurra-o em direção a cadeira. Com o impacto, o Sr. Adolfo cai na cadeira e volta a si)

Sr. Adolfo
Que eu estou fazendo com esta roupa ridícula? Arranca a barba. O que está acontecendo?

Segurança
Senhor Adolfo?!!!!

José
Xiiiiiiiiii.....Tô lascado!
Cena 4 – (Sr. Adolfo, José, Ana, Sara, Cláudio e D. Mariângela )

D. Mariângela
( Entrando ) O que tá acontecendo? Porque este barulho todo?

Sr. Adolfo
(Observa José) O que vocês estão fazendo com estes presentes nas mãos?

José
Ora, o senhor que me deu!

Sara
E o meu também!

D. Mariângela
(Surpresa) O Senhor?... Deu?....Para os dois?....
Sr. Adolfo
Dei coisa nenhuma! Segurança! Tire já deles!

Cláudio arranca caixa da mão de José. Depois vai a direção a Sara.

Ana
(Fala para o Cláudio) Puxa, o senhor tem coragem de fazer isso com uma criança?

Cláudio
Eu só cumpro ordens superiores!

Sara
Não faz mal, mamãe...toma, moço!

Ana
(Para Sr. Adolfo) O senhor é maluco ou o quê? Primeiro dá e depois tira? Isso não se faz com uma criança! O senhor é muito ruim, insensível e egoísta! (Saindo) Vamos, minha filha!

Sara
Tchau, papai Noel! Feliz Natal! (Sai)

D. Mariângela
Mas o que aconteceu? O senhor não disse que ia ficar disfarçado?

Sr. Adolfo
Eu? Disfarçado?... E a senhora, onde estava, que não tava vendo isso tudo?

D. Mariângela
Mas eu...




Sr. Adolfo
Em primeiro lugar, não quero que isso se repita mais! Em segundo lugar, não me venha com desculpas! Em terceiro lugar, trate de ficar de olho nos funcionários ou vamos acabar tendo prejuízo!

D. Mariângela - Sim, sim, senhor! (Vai prá um canto)

José
D. Mariângela, posso Ter uma palavrinha com a senhora?

D. Mariângela
O que você quer desta vez, Zé?

José
Sabe o que é... É que minha mulher está para Ter neném logo, e eu estou preocupado, pois não sei se vai ter vaga na maternidade... eu não tenho plano de saúde, sabe como é... preciso sair mais cedo para ir cuidar disso!


D. Mariângela
Que desculpa esfarrapada, hein, Zé? Não vai sair coisa nenhuma!

Sr. Adolfo
É isso mesmo!

D. Mariângela
Pobre pode ter filho em qualquer lugar!

José
Mas...

D. Mariângela
Na hora você acha um canto qualquer prá ela ter esse filho.

Sr. Adolfo
Agora, volte ao trabalho imediatamente, senão seu filho vai ser filho de um DESEMPREGADO!!!

José abaixa a cabeça e sai.

Sr. Adolfo
Eu não sei o que acontece comigo. Estou com uma dor de cabeça... D. Mariângela, cuide das coisas por aqui que eu vou pro meu escritório. (Saindo, Grita) E cadê esta vendedora que não está aqui? (Grita) Lucivânia!!!

Fecha cortina




ATO 3
Cena 1 – (Sr. Adolfo)

No escritório, Sr. Adolfo, sentado, toma um comprimido.

Sr. Adolfo
Que dia... Já começou dando tudo errado! Como dói a minha cabeça! E estou meio zonzo...Acho que vou ficar aqui e relaxar um pouco... (Fica parado e aos poucos vai adormecendo. As luzes se apagam e entra Gaspar, vestido de Rei Mago, com um foco de luz sobre ele. Logo após o início da fala do Gaspar, Sr. Adolfo acorda e fica observando)

Cena 2 – (Sr. Adolfo, Gaspar)

Gaspar
Mal posso acreditar... depois de tantos anos estudando as profecias e esperando por um sinal, eu e meus amigos vimos à estrela no céu! E temos certeza, ela anuncia a vinda do Messias Prometido, o Príncipe da Paz! Agora, sairemos em uma longa jornada para ir adorá-Lo. Preciso escolher um presente para levar ... Mas o que poderia ser? O que posso oferecer a esta criança muuuuuuito especial? Que presente poderá expressar todo meu amor e admiração? Meus amigos levarão presentes preciosos.... incenso, ...mirra... afinal, estes presentes simbolizam a fé e a esperança na Salvação que Ele trará. Mas e eu? O que posso oferecer?...É claro que o menino nascerá de maneira humilde, na pequena cidade de Belém...mas... Ele é o Rei dos Reis! E para este Rei, eu tenho que oferecer o que eu tenho de mais precioso....(Faz uma pausa, pensativo) Já sei! Ouro! Um presente digno de um Rei! Vou já providenciar este presente para esta criança muuuuuuito especial!
Gaspar Sai, o foco de luz apaga e acende novamente. Entra José, agora vestido como José, pai de Jesus. Sr. Adolfo continua observando.

Cena 3– (Sr. Adolfo, José e D. Mariângela)

José
(Aflito) Puxa... Minha mulher vai dar a luz a qualquer momento e não tem nenhum lugar prá ela...

Entra D. Mariângela, como dona da hospedaria

José
Por favor, será que a senhora pode arrumar um lugarzinho prá gente? Minha mulher está para dar a luz e...

D. Mariângela
Não tem lugar nenhum! Pobre pode ter filho em qualquer lugar! Como é mesmo o seu nome?

José
José.

Mariângela
Então, José, se quiser pode ficar no meu curral! Arranja um canto qualquer lá pra ela ter esse filho!

José abaixa a cabeça e sai, humildemente, enquanto D. Mariângela sai, pelo outro lado. A luz se apaga e acende novamente, entra Sara com roupa de época correndo e tentando se esconder.

Cena 3 – (Sr. Adolfo, Sara e Claudio)

Sara
Socorro, socorro!

Sr. Adolfo
O que foi, menina? O que está acontecendo?

Entra Cláudio vestido de centurião romano, com a espada na mão.

Cláudio
Venha cá, criança. Não adianta se esconder!

Sr. Adolfo
(Se coloca entre os dois) Que é isso? Calma aí! Em primeiro lugar, porque você está perseguindo esta garotinha? Em segundo lugar, porque esta espada? Em terceiro lugar... porque você está vestido desta maneira? Quem é você?

Cláudio
Sou Claudius, soldado da guarda de Herodes! E tenho ordens do rei para matar todas as crianças!

Sr. Adolfo
Matar? E você vai Ter coragem de fazer isso com uma criança?
Cláudio
Eu só cumpro ordens superiores.

Sr. Adolfo
Sim, mas... acho que tem alguma coisa errada aqui...

Cláudio
O que?

Sr. Adolfo
Olha... eu não conheço muito de história e nem de Bíblia não... mas tem certeza que a ordem de Herodes foi essa mesma?

Cláudio
(Coça a cabeça) Será que eu tô fazendo confusão? Peraí! (Tira um pergaminho da roupa e lê) Por ordem do rei Herodes... tá, tá, tá, ....tá, tá,tá...ah! Tá aqui. Ordena matar todas os meninos da região de Belém que tenham 2 anos para baixo!

Sr. Adolfo
Então... em primeiro lugar ela não é menino! Em segundo lugar, ela tem mais de 2 anos. Em terceiro lugar, bem... é...que você está no meu escritório e entrou sem me pedir autorização!

Cláudio
É... acho que o senhor tá certo...Desculpa-me! Fui! (E sai tão rápido quanto entrou)

Sara
(Abraça o Sr. Adolfo) Obrigada, muito obrigada por Ter me salvado!

Sr. Adolfo
(meio sem jeito) Bom,... não foi nada...

Sara
O senhor é muito bom!

Sr. Adolfo
Eu? Que é isso, menina...puxa...eu não sabia que a sensação de ajudar alguém era tão gratificante... mas, me diga... qual é o seu nome?

Sara
Sara!

Sr. Adolfo
Sara? Parece-me familiar...

Sara
Tenho que ir agora. Minha mãe deve estar preocupada...

Sr. Adolfo
Vá em paz, minha menina...

Sara
Tchau, Papai Noel! Feliz natal! (a luz se apaga, a frase fica ecoando, e Sara sai. Quando a luz acende, o Sr. Adolfo está dormindo na cadeira)

Sr. Adolfo
(Acorda assustado) Feliz Natal, Sara! (Fica confuso, olhando ao redor) Nossa!Que sonho tão real! Ai, onde está meu lenço? ( Procura nos bolsos e encontra a cartinha) O que é isso? (Abre e começa a ler) Querido papai Noel?

Voz de Sara
Estou escrevendo para te dizer que eu queria uma boneca bem bonita neste natal, mas, se o senhor não tiver dinheiro prá comprar, não precisa ficar triste! Sabe porque? Eu aprendí na Igreja que o Natal é muito mais do que presentes! Natal, é o aniversário de Jesus! Ele é o presente que o Papai do céu mandou pra gente. Ele nasceu bem pobrezinho, num curral, lá longe, num lugar chamado Belém. Ele cresceu e se tornou um homem muito bom, que nunca fez nada de errado, e ensinou as pessoas se amarem . Mas alguns homens maus vieram e mataram ele. Só que ele não ficou morto, não. Ele viveu de novo! E Ele foi lá para o céu. E se o senhor quiser um dia ir morar lá com Ele, só precisa acreditar de verdade que Ele fez tudo isso por você! Sabe, quem tem o coração sujo com coisas erradas, não pode entrar lá no céu. Mas quando Jesus morreu, Ele levou o castigo de todas as coisas erradas que a gente faz...Então, é só pedir prá Ele que ele limpa nosso coração de todas as coisas erradas, prá gente poder entrar lá no céu. E eu quero muito, muito, muito te ver lá no céu quando eu for prá lá! E o senhor já é tão velhinho, né... então quis te falar isso senão pode não dar tempo...
Um beijão e Feliz Natal! Da sua amiguinha Sara.

Sr. Adolfo
(Comovido, procura o lenço e enxuga os olhos) É...meu coração deve estar mesmo muito sujo... em todos esses anos a minha única preocupação foi com o trabalho, com o dinheiro, com o lucro. Eu pensei que por mim mesmo poderia resolver todas as coisas, e com as minhas próprias mãos produzir a felicidade, trazer paz para dentro do meu coração. Mas, mas um ano vai se passando e o desespero toma conta de mim. Sinto que levei uma vida egoísta. Perdi minha família, meus amigos... já não tenho mais ninguém. Dediquei-me somente ao trabalho, trabalho, trabalho. Será que existe esperança para mim? Em todo este tempo eu sequer me lembrei de Deus. Mas, essa carta e este sonho tão real não podem Ter sido por acaso! E se minha hora chegar, mesmo? De que me valerá todo o lucro, todos os bens que acumulei, se eu não tenho a certeza do meu destino? (Ajoelhando, clama) Ó, Deus! Tem misericórdia de mim! Como andei errado! Eu reconheço minhas falhas, e meus erros! Eu reconheço que preciso de ti e do teu perdão. Será que ainda há jeito prá mim? Ajude-me! Preciso te conhecer! Revela-te a mim, Senhor!(Fica alguns momentos prostrado, e então a luz acende sobre ele. Emocionado ele ergue os olhos e agradece) Senhor, muito obrigado! Obrigado pela paz que invade a minha alma! Obrigado por me perdoar! Obrigado por ter se revelado a mim! Obrigado por ter dado sentido ao Natal, e também sentido a minha vida! Ó Deus! Obrigado! Obrigado! (Prostra-se mais um pouco e agradece. Depois de alguns instantes levanta-se ainda enxugando os olhos) Que alegria! Que felicidade! (pensativo) Mas existem algumas coisas que eu preciso reparar. (vai até a mesa e chama pelo telefone) Cláudio, venha aqui. Imediatamente!

Cena 4 – (Sr. Adolfo e Claudio)

Cláudio
(Antes mesmo que o Sr. Adolfo desligue o telefone, entra Cláudio, vestido de segurança) O senhor me chamou?

Sr. Adolfo
(Examina-o) Ah! Trocou de roupa?

Cláudio
Como?

Sr. Adolfo
Nada, nada...eu quero que você procure uma menina chamada Sara neste endereço (entrega o envelope da cartinha). Traga-a aqui custe o que custar. Quero reparar um erro muito grave que eu cometi.


Cláudio
Sim, senhor. Seu pedido é uma ordem.

Sr. Adolfo
Por favor.

Segurança
Por favor? (Estranha à gentileza do patrão) Claro, senhor,sim, senhor...(sai)

Sr. Adolfo
Pelas barbas do profeta...eu tenho tanto tempo de vida e foi preciso uma criança para abrir meus olhos!... (Tem uma idéia) Preciso fazer uma ligação, depois eu vou para a loja! (Pega o telefone) – Alo, por favor, quero falar com o Doutor Paulo.

Enquanto ele fala, fecha-se a cortina.


ATO 4
Cena 1 – (Sr. Adolfo, Ana, Sara e Claudio)

Na loja, o Sr. Adolfo sentado, pensando. Entra Sara com Ana e Cláudio.

Ana
O que o senhor quer com a gente agora? A maldade que o senhor fez já não foi o suficiente?

Sr. Adolfo
Calma minha senhora. Calma. Em primeiro lugar, eu pedi para que trouxessem vocês aqui, pois quero reparar o mal que fiz.

Ana
Vai ser que nem da outra vez? Se fez de anjinho e depois colocou a garras de fora!

Sr. Adolfo
Não senhora. Em segundo lugar, quero dizer que eu estava completamente errado. Quero pedir desculpas. E em terceiro lugar, (Se abaixa para falar com Sara) quero agradecer por você Ter me feito ver o verdadeiro significado do Natal. Muito obrigado Sara, você é uma criança muito especial. Quero te dar um presente. (pega uma caixa com a boneca e entrega a Sara). Toma, agora é sua de verdade!

Sara
Obrigada.







Cena 2 – (Sr. Adolfo, Ana, Sara, Cláudio e Mariângela)

Entra D. Mariângela

D. Mariângela
O que está acontecendo aqui, (observa as duas) Essas duas de novo por aqui? Segurança!!!..

Sr. Adolfo
Não, não. Está tudo bem. Foi eu mesmo quem mandou chamá-las. E por falar nisso, chame também o Zé.

D. Mariângela
Zé? Que Zé?

Sr. Adolfo
Ora, o faxineiro.

D. Mariângela
Faxineiro? Ah, sim, claro, pois não, deixa comigo, agora mesmo! (grita) Zéééééééé...!!!

Sr. Adolfo
Se fosse para chamar assim, eu mesmo chamava.

D. Mariângela
Desculpa meu patrão. Mas eu fiz exatamente o que o senhor mandou.

Cena 2 – (Sr. Adolfo, Ana, Sara, Cláudio, Mariângela e José)

Entra o José.

José
Não fui eu, não fui eu...

D. Mariângela
Não foi você o que?

José
Pra me chamar desse jeito, só pode ser bronca.

Sr. Adolfo
Zé fui eu quem te chamou. Quero te pedir desculpas...

D. Mariângela
Que é isso Chefe?!

Sr. Adolfo
Dona Mariângela... (Chama a atenção do D. Mariângela, fazendo sinal para ela ficar calada. Voltando-se para o José) Mas Zé, como estava dizendo, quero te pedir desculpas pela minha atitude de hoje, e para mostrar que estou realmente arrependido, resolvi te dar uma semana de folga para você ficar com a sua mulher. (José, atônito, deixa cair à vassoura) Também já liguei para o meu médico e pedi para ele reservar uma vaga no hospital para a sua esposa.

José
(José, pega a vassoura) Mas... o senhor vai descontar do meu salário?

Sr. Adolfo
(sorrindo) Eu faço questão de pagar tudo, não se preocupe.

José
O senhor está bem?

Sr. Adolfo
Agora estou melhor do que nunca, agora que estou vivendo de verdade. O que você está esperando? Vai trocar de roupa e vai passar o natal com a sua esposa.

D. Mariângela
Mas... ele ainda não terminou o serviço.

Sr. Adolfo
Zé, me dê esta vassoura. (Zé lhe passa a vassoura, e o Sr. Adolfo a entrega a D. Mariângela) Você termina o serviço dele.

D. Mariângela
Eu?

Sr. Adolfo
Sim, você! Zé pode ir.

José
Puxa, muito obrigado senhor, não sei nem como agradecer. Esse foi o melhor presente de Natal que já ganhei na vida, muito obrigado. Feliz Natal. (saindo e agradecendo).

D. Mariângela
Bom, chefinho. Já que o senhor mandou, vou deixar essa loja um “brinco”. (se empenha na nova tarefa)

Cena 2 – (Sr. Adolfo, Ana, Sara, Cláudio, Mariângela, José e Lucivânia)

Entra Lucivânia

Lucivânia
(olha para D. Mariângela varrendo o chão e não entende nada, olha para o Sr. Adolfo sorridente com Sara, e coça a cabeça, entendendo menos ainda.) O que está acontecendo por aqui?

Sr. Adolfo
Foi bom você Ter vindo agora.

Lucivânia
Foi? (Duvida)

Sr. Adolfo
Foi. Lucivânia, quero que você reuna os seus colegas e diga que eu mandei que eles fechem a loja. Quero que todos vão para as suas casas, comemorar o Natal com suas famílias.(D. Mariângela para e fica olhando abismada).

Lucivânia
(Olha para os cantos) É pegadinha?

Sr. Adolfo
Puxa, isso está virando moda mesmo... não, não. É sério mesmo.

Lucivânia
Mas... e o lucro, e a ...

Sr. Adolfo
Isso era antes minha filha, agora sou uma nova pessoa.

Lucivânia
Tô vendo.

Sr. Adolfo
O Natal não é só lucro, consumo, presentes. O Natal é o tempo de refletir sobre o maravilhoso nascimento de Jesus e tudo o que Ele fez para nos dar uma nova vida.

Lucivânia
(surpresa) Puuuuuuuuuuuxa...

Sr. Adolfo
Então vai! O que está esperando?

Lucivânia
Vou lá antes que o senhor mude de idéia. Feliz Natal! Obrigada. (sai)

Sr. Adolfo
(fala para o D. Mariângela) D. Mariângela, venha cá. Largue essa vassoura, e vá também para a sua casa passar o Natal lá. E você também, Cláudio.

D. Mariângela
Mas... senhor meu chefe, eu... posso ficar aqui, com o senhor. Eu não tenho com quem passar o Natal.

Sara
Puxa, que triste!

Cláudio
Então somos dois. Minha família toda mora em outro Estado...

Sr. Adolfo
É... apesar de tudo o que tenho, também não tenho ninguém.

Sara
Ué, eu tenho uma solução.

Ana
Solução? Qual solução, menina?

Sara
Ora mãe, por que a gente não chama eles pra passar o natal com a gente lá na Igreja?

Ana
É...é uma boa idéia.

Sr. Adolfo
(Hesitante) N... não quero incomodar...

Ana
Que nada, será muito bom ter vocês com a gente, e além do mais, conhecerão uma nova família.

D. Mariângela
Igreja? Não sei se vou me sentir à vontade...

Sara
Você já foi na minha igreja? Se não for... vai continuar sem saber o que está perdendo.

Cláudio
Por mim, tudo bem, eu sei que os crentes são gente boa.

Sara
(Para o Sr. Adolfo) Manda ela ir, que ele vai. (aponta para D. Mariângela).

Sr. Adolfo
(sorri) Todos nós iremos sim.

Sara
Lá é muito legal. Vocês vão ver. A gente canta, tem um montão de amigos, é muito bom, muito bom, né mãe?

Ana
É sim filha. E além de tudo, a gente passa a conhecer um pouco mais sobre a palavra de Deus e a sua vontade. E nós louvamos agradecendo a Deus... principalmente o senhor (aponta para o Sr. Adolfo), pelo o que diz, me parece que acabou de Ter uma experiência com Jesus. Então, é hora de ir à casa do Senhor e de agradecer e de render louvores ao Rei.



Sr. Adolfo
Acho que é justamente o que eu quero fazer agora. Será muito bom para todos nós... Então... vamos nos apressar para chegarmos na hora, não é mesmo?

D. Mariângela
É impressionante, mas o senhor está sempre com a razão, meu... chefinho querido.

Sr. Adolfo
Menos... menos... menos...

Vão saindo. Cláudio fica por último no palco. Para, pensa e grita.

Cláudio
Sr. Adolfo, o senhor vai vestido assim, de papai Noel? (E sai correndo atrás do grupo).

Fecham-se as cortinas.


Fim

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